Destruíste o meu sonho.
Os gestos não foram permitidos, se tivessem sido, nada disto teria acontecido, mas as palavras que não queríamos, as frases que não sentiamos foram mais que permitidas: foram iludativas, aplaudidas, aclamadas, pedidas, lembradas e relembradas... E aconteceu. Desmoronou-se tudo. Eu já não te pertenço. Tu já não és eu. E o meu maior e terrível pesadelo acabou por se concretizar : tu foste embora. Partiste. Estás longe, inalcançável e com uma frieza impenetrável. E agora? Tu estás distante, impossível de chegar a ti.
E eu perdida. Porque sem ti esta é a minha única condição. Perdida. Amargurada. Desiludida.
Sem sonhos. E bastava nada ser dito e tudo ser feito e estariamos ás gargalhadas, aos beijos, a sermos felizes... As palvras devoraram o passado, estragaram o presente, impediram o futuro. Inundaram os meus olhos de lágrimas. Lágrimas grossas, incessáveis, salgadas... Criaram um nó na minha garganta que se aperta e contorce com dores infindáveis. Porque a dor que me causaste ao não me permitir lutar, a dor que me causaste ao desistir de mim e, principalmente, ao obrigar-me a desistir de nós é infindável. Não digo que tenha esta extensão eternamente porque, muito provavelmente, não a terá. Diminuirá consoante os meses, os anos (porque isto não termina em horas, nem dias, mesmo que parecendo séculos nas minhas feridas), mas não desaparecerá, tu não tinhas o direito.
Eram os meus sonhos. E tu destruiste-os. Meus. Corroeste-me com as tuas palavras de raiva, magoaste-me com as tuas facadas cheias de força, desiludiste-me com os gestos que deixaste para trás. Eu amo-te, e a ti só te pedia que não pedisses demasiado de mim, terá sido isso pedir demasiado de ti? Por muito que eu queira, que eu tente voltar a sonhar, que eu cure, mesmo que superficialmente, as feridas, não posso voltar a lutar por ti. Tu não o permites. A tua distância não me autoriza... E tu, meu amor, estás indefinidamente, senão eternamente, fechado para mim. Inalcançável. Agora, só me restam as boas memórias, as lembranças que não doem, os momentos que foram bem vividos. Nada voltará, nunca mais. Nunca. Sou apenas eu. Eu sem ti. Eu. Eu. Eu. A tentar voltar a sonhar, a construir castelos na areia. Por muito que sejam destruídos no fim, tal como tu os destruiste, são eles que me sustentam. Que travam as minhas lágrimas. Que clamam o meu sorriso. Que permitem que as minhas feridas cicatrizem.
Voltar a sonhar, no entanto, eu amo-te, amor impossível...